Programa Viver e Voltar

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O Programa Viver e Voltar foi ao ar na Rádio Mundial de dezembro de 2007 a agosto de 2008, com 37 episódios.

 

Coloco aqui o link para ouvir a todos, foi fantástico fazer, e deixa espaço para bastante informação e debates sobre os temas apresentados.

 

Como dizia o Hugo em todo final: com os sinceros votos de um novo amanhecer em sua vida!

 

Programa 1 – Introdução

Programa 2 – O método

Programa 3 – Estados de consciência e contato com o Mestre

Programa 4 – O verdadeiro Mestre

Programa 5 – As vidas de Camila Sampaio

Programa 6 – A morte

Programa 7 – Esquecimento do passado e Personalidades passadas

Programa 8 – Perfeccionismo e TVP

Programa 9 – Declaração de crenças e convicções vitais

Programa 10 – Florais Havaianos

Programa 12 – Aprofundamento do método e vida afetiva

Programa 13 – Evolução espiritual e suicídio

Programa 14 – Dúvidas gerais

Programa 15 – Vida profissional e TVP

Programa 16 – Depressão e TVP I

Programa 17 – Depressão e TVP II, Matéria de TVP na Isto é

Programa 18 – A resistência na regressão

Programa 19 – Implantes

Programa 20 – Aborto

 Para os arquivos do 4 shared:

Você pode dar play direto, ou fazer o download.  Todos os programas também estão disponíveis para ouvir por lá, além do nosso site.

 

  Programa 21 – Pessoas assintomáticas

Programa 22 – Obsessão e TVP

Programa 23 – Método e casos

 Programa 24 – Apometria

Programa 25 – TVP infantil

Programa 26 – Pânico

Programa 27/1 – Princípios da TVP

Programa 27/2 – Princípios da TVP

 

Terapia de Vidas Passadas no Gasparetto

Foi uma grande honra participar do infelizmente extinto programa Encontro Marcado!

Com certeza um dos momentos inesquecíveis da minha carreira, através do qual pude apresentar temas pouco falados na mídia, e receber o carinho de centenas de pessoas que me procuraram depois.

Para mim é sempre uma alegria ser instrumento da espiritualidade e do conhecimento psicológico para ajudar as pessoas a resgatarem sua sabedoria e seu poder através da TVP.

Fica abaixo o programa, comentem!

 

Por que meu marido se transforma num monstro às vezes?

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Recebo muitas pessoas em consultório contando uma história parecida: quando casei amava muito meu marido, e continuo amando. Ele é minha cara metade, é um bom companheiro, um bom pai, e quero com certeza ficar com ele o resto da vida. Mas às vezes não sei dizer o que acontece, ele se transforma completamente! Grita, esbraveja, fica insuportável, e nessas situações chego a pensar em me separar. Mas depois ele volta a ser como era, e fica tudo bem. E do nada acontece a transformação de agressividade novamente, e assim vai. (Claro, isso também vale para as esposas!)

Em TVP, iremos sempre trabalhar com algumas hipóteses nesses casos:

Influência de personalidade de passado

No momento da briga, o marido em questão incorpora uma personalidade de seu passado, que pode ter relação com a atual esposa ou não.

É como se naquele lapso de segundo ele passasse a se comportar como uma personalidade de séculos atrás, que tem pensamentos, sentimentos, trejeitos e visão de mundo totalmente diferentes da personalidade atual.

Pode ser um árabe muçulmano, que acha um absurdo tratar com tantos dengos a uma mulher. Pode ser um senhor feudal, que estava acostumado a ser obedecido enquanto dava ordens. Pode ser um soldado, para quem a vida doméstica é muito enfadonha. E por aí vai…

O terapeuta de vidas passadas irá junto com seu paciente acessar a personalidade em questão e trata-la. A boa notícia é que isso pode ser feito pela própria terapia da esposa – e normalmente o é, pois a pessoa desajustada nem sempre está consciente de que precisa de ajuda.

Subpersonalidade

Nesse caso, é uma cisão na personalidade atual. Uma parte inconsciente daquele marido não gostaria de estar vivendo aquela relação.

Pode ser uma saudade dos tempos de solteiro, onde ele tinha liberdade. Pode ser um lado birrento, que não aceita ser contrariado. Pode ser um lado infantil, que gostaria de ter a mãe satisfazendo seus desejos. Enfim: por algum motivo da própria vida atual aquela agressividade está vindo à tona.

Nesse caso, cabe ao terapeuta investigar qual é exatamente a história desse casamento ( e isso vale para qualquer tipo de relação). Eles realmente se amam? Casaram pelos filhos? Estão acomodados? Estão no mesmo ritmo? A pessoa que se diz vítima namorou tempo suficiente para conhecer a fundo com quem estava se casando?

Influência de obsessores

Pode ser também que o casal esteja sendo atacado por cobradores de passado, que querem causar infelicidade.

Nesse caso, cabe ao terapeuta entender qual é a cobrança. O que o(s) obsessor(es) quer, por que está zangado, o que pode ser feito para aquilo ser resolvido etc.

Muitos obsessores apenas querem justiça pelo que lhe aconteceu, e na maioria das vezes eles têm razão. Mas quando são conscientizados do mal que estão fazendo a si mesmos e do quanto estão prolongando uma contenda que já poderia ter sido resolvida, a grande maioria cede.

Enfim, todo casal saudável briga. Mas quando as brigas se tornam intensas, repetitivas e seguem um padrão, é hora de buscar ajuda. Por trás de todo conflito há sempre um agente causador: interno ou externo, consciente ou inconsciente. Cabe a TVP buscar os por quês.

Camila Sampaio 

Atendimento em São Paulo

Site: http://www.terapiadevidaspassadas.net

E-mail: camilasampaio@yahoo.com.br

Fones: (11) 9502 2176

Monografia parte 1 – Introdução

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Sempre fui uma leitora ávida, de qualquer tipo de literatura. E na minha concepção, uma boa introdução tem dois objetivos: apresentar o trabalho e falar um pouco sobre a trajetória intelectual e pessoal do autor.

Sobre este trabalho: ele tem o objetivo de condensar todo o aprendizado pelo qual passei no período de abril de 2003 a janeiro de 2004, na cidade de Erechim – RS, sob a orientação de Márcio Godinho, para me tornar uma Terapeuta de Vidas Passadas. Além disso, visa também contextualizar esse aprendizado: apresentar o histórico da TVP no Brasil, e o seu nascimento dentro da Psicologia, com os autores mais importantes – na minha visão pessoal. A partir desse ponto de partida, tenho a intenção de apresentar qual foi minha contribuição pessoal ao método de Márcio Godinho, e como pretendo empreender meu trabalho vindouro.

O objetivo da interdisciplinaridade já mostra um pouco da minha história. Literalmente, sou historiadora de formação – e futura psicóloga. Sempre tive o objetivo de fazer o casamento entre as duas áreas, História e Psicologia, uma interdisciplinaridade ainda pouco estudada. Principalmente quando se adiciona a TVP, que por si só ainda é matéria para muitos estudos com abordagens as mais diversas, que vão paulatinamente surgindo no meio acadêmico e científico – e fora dele também, sem por isso serem trabalhos de menor importância.

Sobre a autora: sou paulistana, tenho 24 anos, e pretendo dedicar minha vida a esse ideal. Para mim a reencarnação sempre foi um tema corriqueiro, dado que fui criada em um lar espírita. Depois de adulta descobri técnicas mais complexas dentro da doutrina, como a Apometria, tão injustamente combatida, e que carrega em si tamanho potencial de cura e ajuda a todos nós. Além disso, (re) descobri o mestre Ramatís, e com ele pude entender que o Espiritismo é um dos caminhos, mas que todos eles levam ao mesmo Deus.

Conclui também que as eternas discussões das facções religiosas são inúteis, além de uma belíssima perda de tempo. Participo do grupo Bandeirantes da Luz[1], e abracei o ideal do universalismo.

Estudo TVP sistematicamente há três anos, mas todo meu estudo foi reformulado pela abordagem holística dada por Márcio Godinho, e pela arqueologia psíquica de Roger Feraudy, Roger Bottini Paranhos, L. Palhano Jr. e da psicóloga Helen Wambach, trabalhos esses que pretendo unir e continuar – espero que com muitos colegas vindouros, pois ele é por demais amplo.

A Metodologia Holística, aliada ao conhecimento sobre TVP e Apometria, abre muitas portas e possibilidades ao estudo do psiquismo. Faz com que toda a nossa lógica perante a vida se inverta.

Com ela aprendi que a doença muitas vezes, por mais estranho que pareça, é o que de melhor pode acontecer para uma pessoa em dado momento. Muito mais do que expiação de erros pretéritos, é uma oportunidade única de olhar para si próprio, de detectar quais são os pontos a serem trabalhados na encarnação, de procurar ajuda e de descobrir mais sobre os caminhos a tomar.

O momento em que vivemos é de transição, é especial. É um ajuste de contas final. E sem dúvida a TVP e a Apometria apareceram nesse cenário como duas formas de conscientizar o homem mais rapidamente. Cronos é impiedoso: o tempo urge mais do que nunca. O homem precisa aprender sobre si mesmo e sobre autocura, e ser responsável pela própria mudança.

Como Terapeuta de Vidas Passadas, pretendo levar essa lição para as pessoas. E sei que cada vez que o conseguir, ou que pelo menos tentar, estarei levando essa lição para mim mesma, pois sei que ainda tenho muito a aprender. Mas quero estar sempre ativa no meu processo de aprendizagem, e ajudar no das pessoas que puder, pois fazemos parte de um todo, e um indivíduo só será plenamente feliz quando todos os outros também o forem. Esse dia ainda está longe, mas eu pretendo colaborar para que ele chegue o mais breve possível!

 

Monografia parte 2 – Perspectiva da Psicologia perante a TVP

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Oficialmente a Psicologia passou a ser abordada como ciência a partir de Wilhelm Wundt, em 1879, no Laboratório de Leipzig. A partir daí, resumidamente, tivemos duas revoluções principais: o Behaviorismo, nos Estados Unidos, que via o homem como fruto de condicionamentos, reforços e punições.

Freud trouxe a segunda revolução, com a Psicanálise, e a noção do determinismo psíquico: somos 10% consciente e 90% inconsciente, nossa vida de vigília é apenas a ponta do iceberg. Mas qual seria o conteúdo desse inconsciente?

A TVP foi fruto das primeiras investigações sobre o conteúdo do inconsciente, que começou a suscitar trabalhos mais contundentes a partir de Freud – apesar de outros teóricos já terem feito estudos correlatos[1].

Nos Estados Unidos a procura por esses estudos começou a ser mais intensiva depois do caso Bridey Murphy, que foi pesquisado por Morey Bernstein através da hipnose em 1956. O livro foi um best seller, o que demonstrou o interesse pelo assunto. No referido caso, uma moça chamada Virginia Tighe, dona de casa americana, durante seis sessões revelou sua vida de irlandesa em 1798. Muitos fatos foram investigados e comprovados.

Outra autora que trouxe o tema da reencarnação para a grande mídia foi Shirley Maclaine. Em Minhas Vidas, a autora mostra o quanto pesquisou o tema, e traz citações de diversos pensadores que estudaram a reencarnação (Einstein, Jung, Ralph Waldo Emerson, Thoreau, Kant, Schopenhauer, Goethe e Thomas Edison).

Já em O Caminho, ela fala de suas regressões espontâneas, incluindo o encontro com o Imperador Carlos Magno e a vivência no extinto continente da Lemúria.

No meio acadêmico, pesquisadores estavam trabalhando nos anos 60 e 70 simultaneamente em alguns pontos do mundo, como Edith Fiore, Thorwald Dethlefsen e Morris Netherton. Por ter sido estudado por brasileiros, o Dr. Netherton se tornou o pai da TVP no Brasil.

O autor desenvolveu o método da indução de forma inovadora, o que possibilita que a pessoa entre em regressão sem hipnose, de forma consciente. Eis a descrição do trabalho, realizado em 1979:

“O analista freudiano procura fazer o paciente regredir aos primeiros anos de sua vida, buscando localizar a fonte de seus problemas atuais. A terapia de vida passada dá, simplesmente, o passo seguinte. Acreditamos que os acontecimentos de vidas precedentes podem produzir efeitos tão devastadores no comportamento atual de um paciente quanto qualquer coisa que lhe tenha acontecido nessa existência.

O inconsciente funciona como um gravador. Registra e armazena indiscriminadamente todo e qualquer acontecimento que ocorra.

Há quatro elementos decisivos presentes em uma sessão de terapia de vida passada: são a espinha dorsal do método. O primeiro é a solicitação de dados ao inconsciente enquanto o consciente permanece presente. O fato do inconsciente comunicar-se voluntariamente, e não por indução hipnótica, permite ao cliente ver claramente onde se encontra na medida em que revive suas experiências. Segundo, a reconstituição cuidadosa de sofrimentos e traumas  emocionais é fundamental.

Eventualmente, à proporção em que revive o trauma, o paciente vai utilizando a frase que desencadeou a origem da lembrança do incidente, a frase com a qual iniciamos a sessão. Pode encontrar diversas variantes dessa frase. Toda vez que a profere, faço com que a repita várias vezes até que se desligue do trauma a ela associado. Esse processo de repetição e desligamento é o terceiro passo.

Ao final da sessão investigamos o período pré-natal, a experiência do nascimento e da infância, buscando acontecimentos e frases que desencadearam as experiências relativas à respectiva vida pregressa. Esse é o quarto e último elemento.”

Vida passada – uma abordagem psicoterápica, pp. 34-35; 46-47

 

Tal abordagem teórica possibilitou a pesquisa da TVP com o uso da metodologia científica, sem recorrer a fenômenos mediúnicos. O Dr. Netherton abordava a regressão como um fato, independente da pessoa acreditar ou não em reencarnação. E a comprovação disso foi o alto índice de cura que o método atingiu.

Nos anos 80 o físico francês Patrick Drouot começou a publicar as suas pesquisas sobre TVP. O estudo do autor, baseado no pensamento oriental,  envolve toda a parte energética da questão, incluindo a implicação de uma regressão no funcionamento dos chakras[2].

Na sua primeira obra, em 1988, Dr. Drouot enfatiza;

“A viagem através das vidas passadas permite alargar o conceito da tomada da consciência através da noção de continuidade do destino. Permite também pôr em evidência as más utilizações que fazemos do poder, do egoísmo, da perda do amor. E essa tragédia se repete sem cessar, enquanto emitimos falsos julgamentos em relação a nós mesmos, enquanto estamos limitados por falsas crenças. Somos como crianças separadas da última fonte e não podemos sem ajuda encontrar sozinhos o caminho para ela.”

Somos todos imortais, pg. 80

 

O autor trabalha com relaxamento e indução consciente, com o auxílio de músicas desenvolvidas especialmente para o trabalho. Baseado na Psicossíntese, que será vista mais adiante, esclarece que a TVP é importante no processo de reunificação de nosso ser.

Como o Dr. Netherton, enfatiza a importância do trabalho com a fase uterina, exemplificando com um relato de caso:

“Sua mãe já tinha uma certa idade quando começou sua gravidez e ficou doente durante toda a maternidade. Na hora do parto, quase morreu, e o bebê nasceu quando a mãe já estava inconsciente. A criança nasceu ao mesmo tempo com o medo inconsciente de matar a mãe e o sentimento de que jamais poderia contar com ela. Em sua vida de adulto, esse paciente desenvolveu uma relação extremamente difícil com os que o circundavam por causa desses sentimentos inconscientes. Essa recusa em ter confiança na mãe era uma decisão de sobrevivência. E era exatamente assim que ele vivia sua vida e se comportava em relação aos outros, como se, no momento do seu nascimento, tivesse decidido que jamais poderia ter confiança em ninguém. Tudo isso, obviamente, se situava no nível inconsciente.”

Somos todos imortais, pp. 88-89

 

O Dr. Drouot assimilou ao seu trabalho a idéia yogue de que a sabedoria apaga o carma, pois inúmeros exemplos mostraram que a tomada de consciência era capaz de extinguir sintomas, como a tosse persistente de uma ex-judia na câmara de gás, ou o medo de exercer a cura pela imposição de mãos de um ex-torturado pela Inquisição.

Já nos anos 90, um médico psiquiatra contribui para ambas as causas: o estudo científico da TVP e a divulgação em grande escala do tema. O Dr. Brian Weiss alcançou notoriedade a partir de dois estudos que se tornaram referência no assunto: Muitas Vidas, muitos mestres e A cura através da Terapia de Vidas Passadas.

Catherine, que parecia um caso simples, trouxe ao Dr. Weiss o conhecimento sobre a vida após a morte, sobre o contato com espíritos mestres, a possibilidade de estabelecer a regressão com o uso da hipnose e o alto potencial de cura que esse tratamento carrega em si. Hoje em dia Brian Weiss já vendeu quatro milhões de exemplares de seus livros, meio milhão só no Brasil.

No livro A cura através da Terapia de Vidas Passadas, recheado de exemplos, o autor descreve minuciosamente sua abordagem, as curas que presenciou, e a metodologia que utiliza. Fala da rapidez do tratamento, fato que assombra muitos psicólogos e psiquiatras ortodoxos – o que faz com que alguns busquem estudar o fenômeno, e muitos o critiquem para se defenderem.

O autor demonstra que as mesmas pessoas que passaram anos e mais anos no consultório poderiam ser curadas em questão de meses. E mesmo que a cura não acontecesse, tinham mais qualidade de vida, pois adquiriam conhecimento espiritual sobre a vida após a morte – o que trazia calma, conhecimento, esperança e sabedoria nas ações cotidianas.

Com seu método, Dr. Weiss ajudou a desmistificar a  hipnose, e a mostrar que na verdade ela está bem próxima ao método de indução direta, que veremos adiante. Segundo o autor:

“Quando você está relaxado e sua concentração é tão intensa que não se deixa distrair por ruídos externos e outros estímulos, você está em um estado superficial de hipnose. Toda hipnose é na verdade autohipnose, pois o paciente controla o processo. O terapeuta é meramente um guia. Quase todos nós entramos freqüentemente em estado hipnótico – quando estamos concentrados num bom livro ou filme, sempre que ligamos o piloto automático. Alguns hipnotizados vêem o passado como se assistissem a um filme. Outros ficam mais intensamente envolvidos, com maiores reações emocionais. Outros ainda sentem mais do que vêem as coisas. Às vezes a reação predominante é auditiva ou até mesmo olfativa. Mais tarde, a pessoa recorda tudo que foi vivenciado durante a sessão de hipnose.”

A cura através da Terapia de Vidas Passadas, pp. 22-23

Continuando entre os americanos, Denise Linn contribuiu trazendo a abordagem holística. A autora usa muito da tradição nativa norte americana, da qual ela é descendente, juntamente com a vivência que teve em vários anos dentro de um templo zen-budista.

Segundo essa abordagem, diversos tipos de problemas físicos, emocionais, financeiros e de relacionamento interpessoal são causados por crenças que a pessoa adota, principalmente no momento da morte. Essas crenças se apresentam atualmente como subconscientes, e determinam nossas vidas. A autora aponta:

“A terapia de vidas passadas funciona porque nos faz chegar à origem dos nossos problemas, pois até esse momento você terá tratado muito mais com sintomas do que com causas. Criamos e recriamos para nós mesmos, nos dias de hoje, incidentes que lembram subconscientemente o incidente original, como forma de curar a dor original. São os traumas e emoções reprimidos no passado que criam problemas no presente”.

Vidas passadas, Sonhos presentes, pp. 89-90.

 

Uma primeira forma sugerida pela autora para entrar em contato com as lembranças é fazer um pequeno diário de gostos e fatos da história pessoal, que seriam pistas dadas pelo inconsciente. Sobre o método, a autora ensina algumas técnicas de como trabalhar a energia que é liberada em uma regressão. São elas:

a)     Seguir o sentimento: concentrar-se no que é sentido e ir buscando pistas a partir disso;

b)    Distanciar-se: para cenas muito fortes emocionalmente, ela sugere que a pessoa se veja acima da cena, ou avance e retroceda rapidamente, para diminuir o impacto;

c)     Mudar as circunstâncias do que aconteceu.

A principal contribuição de Denise Linn é mostrar que além da regressão outros caminhos podem ser usados, incluindo a observação dos sonhos, visualizações, meditações, ajuda de guias e totens animais, enfim: o terapeuta deve fazer o tratamento de forma holística dentro do seu âmbito de conhecimento, e buscar novas técnicas e especialidades tanto quanto possível.

Entre os especialistas brasileiros, inicialmente gostaria de falar sobre o trabalho da psicóloga Elaine de Lucca, que trabalha com Terapia de Vidas Passadas há 16 anos em São Paulo. Ela foi uma das primeiras a trazer o método para o Brasil, e mostra o desenvolvimento do trabalho de Morris Netherton.

Considera importante ressaltar que a técnica não faz milagres, e que simplesmente ver a vida passada também não é sinônimo de cura.

É preciso fazer associações com a vida presente, trabalhar cuidadosamente cada emoção, ou seja, é preciso preparo para trabalhar as informações – e aí reside a importância do trabalho ser feito por um bom profissional.

A autora enfatiza que raros são os casos onde a pessoa fica bloqueada, incapaz de efetuar a regressão. Normalmente a consciência do propósito e a intenção de buscar a cura são suficientes. Deixa claro que não é relevante o paciente acreditar ou não em reencarnação, apenas o terapeuta deve estar firme nas suas convicções. Sobre o perigo de “não voltar” do passado, enfatiza:

“Apesar de todo o realismo, não há o menor perigo da pessoa ficar “presa” ou traumatizada, porque, de acordo com o método que pratico, demonstro as relações entre os fatos vistos na regressão e a vida atual, e conscientizo o paciente de que o conteúdo da regressão é passado – à medida que ele se libertar desse passado, compreendendo seus erros e acertos, conseguirá também se libertar dos problemas atuais, que são intrínsecos aos problemas passados”.

 A Evolução da Terapia de Vidas Passadas, pg. 19

 

Elaine contribuiu principalmente na solidificação do método de Netherton no Brasil, e no trabalho com a parte espiritual, trabalho esse que tem como colega a Dra. Maria Teodora Ribeiro Guimarães.

Os demais autores brasileiros serão apresentados vinculados às suas instituições, no próximo capítulo.

[1] Ken Wilber introduz a necessidade de buscar uma nova história da psicologia. “A noção de inconsciente foi popularizada pelo livro Philosophy of the Unconscious, de von Hartmann, publicado em 1869 – trinta anos antes de Freud – e atingiu uma tiragem sem precedentes.”. In Wilber, Ken – Psicologia Integral, pg. 9.

[2] A regressão, segundo o autor, abre os chakras laríngeo, cardíaco, e o plexo.(Nós somos todos imortais, pg.83)

 

Monografia parte 3 – A TVP no Brasil – breve histórico

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Morris Netherton escreveu apenas uma obra: Vida Passada, uma abordagem psicoterápica, em 1979. Fundou a Association for Past-Life Research and Therapy, na qual o casal Ney e Maria Julia Prieto Peres foi estudar. A técnica, dessa forma, foi importada para o Brasil, e o casal participou da fundação da ABTVP em 1987 (Associação Brasileira de Terapia de Vidas Passadas).

A ABTVP mais tarde passou a se chamar ABEP-TVP (Associação Brasileira de Estudo e Pesquisa em Vivências Passadas). Trata a TVP como um conhecimento em formação, e como uma técnica psicoterápica complementar. Fez parte da sua constituição original Livio Túlio Pincherle; Michel Chebli Maluf; Dirce Barsottini; Elaine G. de Lucca; Hans Wolfgang TenDam; Maria Elisa dos Santos; Ruth Brasil Mesquita; Judith M. Sá e Benevides; Herminia Prado Godoy; Maria Teodora Ribeiro Guimarães; Maria Julia Prieto Peres; Ney Prieto Peres, dentre outros[1].

Mais tarde surgiram o INTVP (Instituto Nacional de Pesquisa em Terapia Regressiva Vivencial) em 1989, e a SBTVP (Sociedade Brasileira de Terapia de Vidas Passadas) em 1994.

Segundo o INTVP, chefiado por Maria Julia Prieto Peres e seu filho, Dr. Julio Peres, temos a Terapia Reestruturativa Vivencial Peres, onde as lembranças do paciente são uma reconstrução do fato, e não uma cópia[2]. O paciente, a partir da vivência da regressão, entra em um processo de autoresolução de conflitos, ressignificando esse passado na sua vida atual. O INTP trabalha apenas com o lado terapêutico, sem levar em conta o lado espiritual ou religioso.

A terapia é indicada em casos de transtornos psíquicos, neuróticos, orgânicos e problemas de relacionamento interpessoal. É desaconselhada no caso de gestantes e curiosidade. Também desaconselha a autoregressão e a regressão em grupos[3].

Já em Campinas, a fundadora da SBTVP é a Dra. Maria Teodora Ribeiro Guimarães. O trabalho da autora é significativo na produção brasileira sobre o tema. A Dra. Teodora já possui três livros publicados sobre o assunto, e tem algumas posturas teóricas que devem ser ressaltadas:

“A Terapia de Vida Passada é um tratamento psicológico que se processa com regressões de memória. Sessões de regressão no tempo, partindo da informação, da decodificação que o terapeuta dá ao chamado inconsciente do indivíduo, sobre o problema a ser resolvido, com a proposta de se chegar ao passado, em vivências passadas, em outras vidas, onde supostamente está a origem desse problema.

Costumamos dizer que um dos objetivos básicos da Terapia de Vida Passada é tratar, numa palavra simples, os traumas do passado que repercutem ainda hoje em nossas vidas. Percebemos que a maioria desses traumas ou, pelo menos, grande parte deles é incorporada como tais em nossa linha de vida, em nossa essência, em nosso eu superior, em nosso espírito ou como quer que se queira denominar nossa individualidade, em momentos de morte mal resolvidos onde, sob o impacto de forte emoção, costumamos tomar decisões erradas a respeito dos acontecimentos que nos rodeiam.

E o carma? Bem, o carma nos parece ser resultado do inverso; isto é, das decisões, digamos corretas, tomadas no período intervidas.

Parece que ou repetimos os mesmos padrões de comportamento passados, de uma forma mais ou menos atenuada, ou fazemos e sentimos algo diametralmente oposto daquilo que já nos aconteceu, numa tentativa desesperada de fugir da tragédia final do nosso personagem.”

                                                              Viajantes, pp. 30, 54-55, 56, 70.

 

A contribuição da autora é abordar o lado espiritual da questão. Disserta sobre as “presenças” no setting terapêutico, sobre a influência que elas causam na vida atual da pessoa e sobre a interação entre presença e paciente nas vidas passadas. Enfatiza que nossa vida continua, mas a vida dos nossos inimigos também, e nada mais natural que eles continuem nos odiando e querendo fazer a justiça.

 Além disso, a autora trabalha o conceito de caráter e de padrão/contrapadrão. Ou seja: o caráter é fruto de tudo que foi construído pela própria pessoa em outras vidas. E existem padrões sendo repetidos, ou exatamente o oposto, de forma tão doentia quanto.

Não é encorajado o reconhecimento da presença. Deve-se apenas buscar a história, e não com quem ela ocorreu. A identificação só pode ocorrer se for espontânea. Outro diferencial foi registrar de forma cronológica as vivências de um só paciente, Leo, que possui imenso detalhamento nas recordações.

O grande objetivo, nessa abordagem da TVP, seria buscar a resignação, pois a grande maioria dos problemas, na visão da autora, advém de uma postura de cobrança perante a vida, querendo que ela seja conforme os nossos caprichos.

Mais tarde, a partir da SBTVP, surgiram duas outras instituições: ANTVP (Associação Nacional de Terapeutas de Vida Passada), com sede em Campinas e núcleos por todo o território nacional; e IBRAPE-TVP (Instituto Brasileiro de Pesquisa em Terapia de Vida Passada), com sede no Rio de Janeiro.

Segundo Marisa Machado Loti, diretora de formação, a ANTVP surgiu oficialmente em janeiro de 2000, com a intenção de formar novos terapeutas por todo o território nacional e de promover encontros e palestras informativas também para o público leigo.

O IBRAPE-TVP, que começou sua atividade em 1999, tem como objetivo realizar pesquisas teóricas e empíricas dentro da área e promover a divulgação da técnica. Algumas linhas de pesquisa estão sendo delineadas pelo grupo: TVP e as concepções da ciência contemporânea (mudanças paradigmáticas); TVP e psicopatologias (validade e eficácia terapêutica); Técnicas de indução ao transe regressivo; Fenomenologia e efeitos da TVP e correlações com outros contextos experienciais (EQM, experiências transpessoais etc); Técnicas de Transformação. Há também estudos sobre Psicologia Transpessoal.

Todas as instituições acima insistem na qualidade da formação, com cursos longos, de no mínimo um ano, e que exigem a formação em Psicologia ou Psiquiatria.

Um nome muito importante afora essa comunidade acadêmica é J.S. Godinho. Ele é terapeuta holístico, e o fundador de um novo paradigma dentro da TVP brasileira, correlacionando-a com a Apometria e seu respectivo corpus teórico.

J. S. Godinho começou a perceber como a TVP funcionava na prática. Após anos de experiências conheceu a parte teórica dos outros autores. Assim como Márcio Godinho, trabalha de forma autônoma e itinerante, ministrando cursos e workshops, e dirige um centro espírita em Lages.

Ele introduz alguns conceitos importantes:

a) O fato de que na verdade nossas vidas passadas são níveis conscienciais, que fazem parte do nosso bloco psíquico;

b) A sistematização dos nossos sete corpos: físico, duplo etérico, astral, mental inferior, mental superior, búdico e átmico. Cada um com sete níveis e sete subníveis;

c) A continuidade multidimensional dos níveis, ou seja, as vidas passadas não são exatamente passadas;

d) A necessidade de harmonização dos níveis. Como as vidas passadas continuam atuantes em outra dimensão e influenciam a presente, não adianta simplesmente a catarse. É necessário reeducar o(s) nível(is) em questão.

O autor enfatiza:

“Normalmente, trabalhamos buscando liberar os conteúdos perturbadores do passado incrustados no inconsciente, e também por possuirmos equipe de sensitivos treinados em técnica apométrica, tratamos o aspecto espiritual.

Evidentemente que por serem tratamentos diferentes, fazemos isso em momentos diferentes também. Mas paralelamente.

Além disso, em virtude da nossa longa experiência nesse tipo de problemática, orientamos o redirecionamento de posturas e objetivos diante do seu projeto de vida, e principalmente sobre o costumeiro descuido com relação à realidade espiritual.

Sugerimos a correção de hábitos negativos, que invariavelmente são inconscientes e movidos por automatismos, os vários “níveis” ou “eus”, mas que dão margem à sintonia com energias de baixa vibração.”

Psiquismo em Terapia, p. 74

 

Assim como Netherton, Godinho dá grande importância para a fase uterina. Mas enfatiza que um trauma pode eclodir em qualquer época da vida.

Um ponto importante abordado, não muito comentado por outros autores, é que a regressão pode acontecer de forma inconsciente, de forma muito mais freqüente do que se pensa. O paciente não tem contato com as imagens, nem relata nada, mas o processo ocorre e a melhora também. Algumas pessoas pensam que não conseguem relaxar ou que não aconteceu nada, e na verdade aconteceu.

Godinho também coloca que na verdade a terapia não funciona exatamente como regressão, mas sim como afloração de conteúdos passados que precisam ser resolvidos. Sejam eles problemas ou potenciais. O inconsciente, portanto,  não é um lugar, mas sim um conjunto de personagens ocultas que ficam interagindo com a atual.

É importante ressaltar que, segundo a visão do autor, as vidas passadas continuam existindo de forma autônoma no bloco psíquico. Ou seja, quando encarnamos, elas continuam mandando energias deletérias que precisam ser escoadas e retrabalhadas, com o objetivo da evolução da criatura.

Vejamos agora o que diz a nova geração da mesma família.

 

[1] Vide http://www.dcc.unicamp.br/~carlosma/tvp.html

[2] Informações baseadas na palestra proferida pela Dra. Maria Julia Prietro Peres em 2002, no III Congresso da SBTVP – “A reencarnação e o despertar da consciência”, Campinas, 2002.

[3] Vide http://www.trvperes.com.br

 

Monografia parte 4 – O método de Marcio Godinho

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Márcio Godinho, natural de Lagoa Vermelha, é autodidata, reiki master e pesquisador do psiquismo. Tem alguns diferenciais na sua abordagem da TVP, diferenciais que na verdade complementam e integram todas as Escolas apresentadas acima, além da junção com outros métodos alternativos.

Seguindo à risca o ideal de formar um Terapeuta Holístico, tem a preocupação em apresentar toda uma formação de base, e adicionar mais técnicas além da escolhida pelo cursando. No programa do qual fiz parte, além de aprender sobre TVP conheci um pouco sobre o Eneagrama e os Tipos de Personalidade, os Florais de Bach e a Apometria.

 No tocante à TVP, Márcio trabalha com a indução direta, ao invés de usar longos relaxamentos. Com a indução direta o tempo para entrar em regressão varia, mas é reduzido em pelo menos 50% – o que é bem prático.

Aliás, praticidade é o forte do autor: a terapia vai sempre direto ao assunto, sem mais delongas, com a finalidade de trabalhar o trabalhável da forma mais rápida e eficiente possível. É extremamente contra gerar a dependência do paciente perante o terapeuta, e prega a autocura.

Explicando melhor: a idéia é retomar a origem dos problemas e sintomas atuais, ver quem está envolvido neles – níveis conscienciais da própria pessoa, de encarnados ou de desencarnados – e retrabalhar a energia que é liberada. A mesma energia que era usada anteriormente para produzir o sintoma vai agora ser transmutada para a cura, na medida em que esta for possível – num procedimento de reeducação holo-prática[1].

A metodologia usada: primeiro pergunta-se qual é a queixa principal, depois é feita a anamnese, onde palavras-chave são usadas para ver a reação do paciente, como angústia, medo, desconfiança, entre outras. Por fim, é feita uma ficha de indução, onde se escolhe um tópico a ser trabalhado e verifica-se qual é o quadro mental, emocional, físico e espiritual que esse tema produz.

A importância da pessoa estar consciente o tempo todo reside no fato do seu papel ser muito importante durante a terapia, pois ela terá que retrabalhar toda a energia que foi liberada e transmutá-la. Estando consciente, terá uma interação mais intensa, um domínio maior dos conteúdos que emergem. É comum inclusive que aconteça uma série de reações adversas, como enjôos, vômitos, tonturas, dor no local tratado caso seja um sintoma físico, amargura e instabilidade emocional. Tudo isso faz parte de um processo natural de escoamento de energias físicas.

O objetivo é fazer a pessoa se conscientizar e corrigir comportamentos equivocados, buscando não reincidir no mesmo padrão – nem cair no contrapadrão, que é tão doentio quanto. Esse processo pode ser extremamente doloroso, porque o mundo do indivíduo conforme ele o construiu estará ruindo, e ele precisará de bases mais sedimentadas para que consiga enxergar os acontecimentos ao seu redor com menos distorções. Mas o papel do terapeuta é justamente auxiliar nos dois processos: na transformação e correção dos atos e na reconstrução de um novo universo relacional, onde a pessoa estará apta a conviver — com a sociedade, consigo mesma e com as pessoas que lhe são caras — de forma consciente, redirecionada e equilibrada.

Para a formação do terapeuta, Márcio adota a idéia de que não é necessário ser psicólogo ou médico, e a realização do curso não é restrita apenas a esses profissionais. É muito importante porém algum conhecimento sobre o lado espiritual – e os dispositivos que gerenciam o evento da reencarnação – ou sobre as terapias alternativas e a psicologia em geral.

Ademais, o verdadeiro sucesso profissional será fruto do talento pessoal, do estudo disciplinado e das qualidades necessárias a um bom terapeuta: observação acirrada, encadeamento lógico aguçado, sensibilidade, ética pessoal, rapidez na interpretação de significados e erudição – elementos que faculdade nenhuma pode ensinar se não forem características naturais ou objetivos perseguidos pela pessoa continuamente no decorrer da vida.

O autor também discorda dos seguintes itens:

– Encadeamento causa/efeito feito a priori, como dizer que alguém que morreu enforcado terá dor de garganta. Esse reducionismo prejudica o decorrer da investigação, pois as possibilidades da causa da referida dor de garganta são inúmeras, considerando que cada pessoa reage de um modo específico a um determinado estímulo. Cada caso é um caso, e também adquirimos traumas nesta vida. Deve-se estudar a pessoa como um indivíduo, destituído dos modelos que o enquadrariam em algum perfil comportamental.

– Conclusões baseadas apenas na anamnese: ela dá o princípio do trabalho, mas as idéias extraídas a partir dali podem mudar e se tornarem inclusive opostas. Concluir algo precipitadamente limita o tratamento. Nesse sentido também é fundamental evitar questionamentos conclusivos.

– Márcio parte do pressuposto de que deve haver um reconhecimento entre a pessoa atual e os personagens passados, porque esse é o ponto chave para libertar ambos daquela freqüência. Embora esse ponto seja muito controverso no meio acadêmico, na verdade se apenas a pessoa for tratada, estará sendo desperdiçada uma chance talvez única de tratar todos os outros envolvidos.

     Dessa forma, mesmo sendo tratado como indivíduo, trata-se de um indivíduo inserido em um meio. E com o reconhecimento, é possível tratar centenas ou milhares de pessoas partindo apenas do paciente em questão.

Além disso, a importância desse ponto é que normalmente quem procura a terapia não é quem precisa; na verdade a pessoa que procura está precisando de ajuda para lidar com os outros (familiares, amigos, chefes, subalternos) aos quais está ligada. Ao tratar essa pessoa, a atitude dos outros à sua volta também irá mudar se eles forem tratados – mesmo não conscientes disso. E para tratá-los é necessário saber quem eles são.

– Não existem restrições sobre tipos de pessoas a serem trabalhadas, a não ser crianças com menos de 14 anos (são tratadas apenas em casos mais graves, e com acompanhamento dos pais) e deficientes auditivos.

– Sobre a questão da curiosidade: pacientes que chegam com essa motivação são aceitos, porque no fundo a queixa não é só a curiosidade, e isso é facilmente constatado na anamnese. Problemas, enquanto encarnados, todos temos, dado que esse é um planeta de provas e expiações, e a maioria das pessoas sequer tem consciência da verdadeira dimensão dos próprios problemas, pois muitos deles se apresentam como automatismos.

Existe muito mais a ser falado sobre o embasamento teórico de Márcio Godinho. A base bibliográfica trata de fundamentalmente dois autores: Roberto Assagioli e a Psicossíntese; juntamente com a Psicologia Integral de Ken Wilber.

Especialmente o italiano Roberto Assagioli coloca de forma clara a teoria sobre centro vital: onde está focalizada a energia da pessoa. E também ensina os estágios da terapia:

1) Formular o programa interior. Implica em ter uma visão clara das tarefas que são necessárias: quem sou eu / recompor o eu em escombros / não cair no contrapadrão / continuar em equilíbrio.

Se a pessoa for limitada isso vai levar um certo tempo (no sentido de ser resistente a abrir mão da própria vida para construir outra nova).

A pessoa pode estar com a auto-estima baixa, estar se esforçando ao máximo no seu limite, ter dificuldade de confiar nos outros. O terapeuta precisa ajudá-la a enxergar seus potenciais, dentro da própria realidade individual.

2) Deixar-se guiar pelo espírito interior. Quando a pessoa começa o processo terapêutico, algumas descobertas vão sendo feitas. Se ela não tomar as medidas apropriadas para a mudança, se continuar estagnada, fatos irão acontecer em sua vida para impulsioná-la. Essa fase tem como objetivo o contato com a sabedoria interna, com informações que sempre estiveram lá mas nunca foram percebidas.

3) Processo de desidentificação. O objetivo é alcançar a auto-identificação e autoconsciência pura através de técnicas, incluindo a TVP. A desidentificação significa compreender, separar e educar os automatismos. Estes, enquanto não forem trazidos para a consciência, vão se repetindo sucessivamente através de um ciclo que os desencadeia.

Márcio também trabalha com o conceito de subpersonalidade, que são como subníveis que assaltam a consciência. São especialmente de 4 tipos:

1)     Personalidades de inversão: sexo oposto.

2)     Personalidades de domínio: manipuladoras e ambiciosas.

3)     Personalidades de ambivalência: alternância entre papéis opostos.

4)     Personalidades de influenciação: querem atingir fins por outras pessoas.

 Existem também quatro faces da manifestação psíquica. São os aspectos:

a) Espiritual e anímico: onde está o núcleo vital. Anímico significa alma; espiritual, todo. Animismo é a intuição, telepatia, clarividência. É diferente de mediunismo, onde há a influência de espírito(s). Nosso espírito tem uma vida muito ampla, e a nossa alma não consegue mandar tudo para a nossa memória tão limitada (por isso temos problemas para lembrar dos sonhos).

b) Intelectual/mental: casos comuns por desajuste desse aspecto são amnésia, hipermnésia, ausência de consciência, pensamentos obcecados, transtornos psíquicos.

c) Emocional: vivificação dos nossos “eus”. Nos dá o parâmetro para saber se é bom ou ruim. Existem alguns casos interessantes: a distorção de sensação, que é a pessoa que está mal e vive sorrindo; a pessoa que mente e acredita na própria mentira; as pessoas que têm medo de ter um relacionamento por medo dele não dar certo.

d) Físico/comportamental: o corpo é quem sofre todas as descargas de energia do psiquismo. Ele é o ator, se comporta conforme o que pensamos. As partes mais vulneráveis são as lesões perispíriticas das outras existências. E nem sempre um corpo sadio reflete uma alma sã.

Enfim, a intenção da TVP é fazer com que a pessoa perceba os pontos que devem ser trabalhados e use essa consciência para transmutar o entulho psíquico que vem sendo carregado há séculos para uma nova vivência de  felicidade, paz e harmonia. É um trabalho árduo, doloroso, mas eficaz.

É importante ressaltar que a intenção da terapia nessa abordagem é tumultuar, sinalizar, e não mudar a vida da pessoa. A idéia é olhar para o problema e trabalhar gradativamente, e não em um passe de mágica.

Estando agora toda a teoria de TVP apresentada, podemos passar à segunda parte, minha bagagem de historiadora. Vejamos agora a interdisciplinaridade.

[1] Ou seja, contextualizar o processo de autoconhecimento tornando-se o próprio co-redentor, administrando o conteúdo que antes estava convertido em sintoma, ressignificando de forma terapêutica.